Academia aberta para o ensino médio
Nesta e nas próximas duas edições, o Jornal da USP publica uma série de reportagens especiais sobre as contribuições da USP para a melhoria da qualidade da escola pública no Estado de São Paulo. Nesta página de abertura da série, o jornal mostra o trabalho de divulgação científica promovido pela USP de Ribeirão Preto, que, através do projeto Jovem Imunologista, ensina noções de imunologia para estudantes do ensino médio. Nas páginas seguintes, os destaques são duas iniciativas que levam os alunos secundaristas a frequentar salas de aula, laboratórios, museus e outros espaços da Universidade: os programas Vivendo a USP e Pré-Iniciação Científica
A iniciativa nasceu no Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, buscando, além de difundir conhecimentos em imunologia, dar aos mestrandos e doutorandos do programa a oportunidade de atuar como agentes educadores. “Sentíamos a necessidade de ter penetração na área educacional e proporcionar aos pós-graduandos a experiência de conversar com essa população que tem sede de ciência e, muitas vezes, não tem acesso a ela”, explica a professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) Beatriz Rossetti Ferreira, que coordena o projeto com as professoras Vanessa Carregaro Pereira e Vânia Bonato, da FMRP, e a professora Fabiani Gai Frantz, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP).
Parceiros – Beatriz conta que desde 2013, quando as visitas às escolas começaram, até agora, o Jovem Imunologista foi crescendo e ganhando mais parceiros. O projeto passou a envolver os alunos de graduação e recebeu apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP. Passou, também, a fazer parte das atividades do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (Crid), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp sediados na Universidade.
As turmas que recebem o projeto Jovem Imunologista participam de cinco atividades. Quatro delas acontecem dentro da sala de aula, inseridas na grade horária dos alunos, abordando temas como inflamação, infecção, vacinas e alergia. “Procuramos usar poucos recursos expositivos, pois priorizamos experimentos, discussões, apresentação de vídeos e jogos”, comenta Beatriz.
Na aula sobre vacinas, por exemplo, o tema é introduzido a partir de um trecho do programa “O Mundo de Beakman”. A equipe de educadores leva modelos de vírus e bactérias produzidas em garrafas PET e isopor para explicar conceitos e propõe uma brincadeira em que os alunos devem procurar os antígenos que se ligam aos anticorpos corretos. “Nós tentamos ser criativos, levando aos alunos atividades lúdicas que estimulem sua participação”, afirma a doutoranda Thaís Barboza Bertolini, que participou do projeto durante dois anos.
A quinta atividade se dá na própria USP: os alunos exploram o campus, conhecendo laboratórios e o mundo da pesquisa dentro da Universidade. Nesse momento, acontece uma parte importante do projeto, que é a orientação sobre vestibular e as possibilidades de interação com a USP mesmo antes da graduação.
A professora Beatriz diz que o projeto passou, inclusive, a ajudar colegas docentes a selecionar alunos bolsistas de pré-iniciação científica, ao identificar e estimular talentos. “Nós não imaginávamos que o projeto fosse chegar aonde chegou. É muito bom poder dar esse retorno à sociedade, levar até ela um pouco do que fazemos aqui”, afirma a coordenadora.
Para Thaís, que participou desde o início do Jovem Imunologista, a atividade possibilitou uma experiência didática única. “Fomos desafiados a introduzir o tema com o qual trabalhamos todos os dias para alunos que eram leigos no assunto. Vencer esse desafio e ver o envolvimento deles durante as aulas foi muito gratificante”, relata.
Atualmente, o Jovem Imunologista promove atividades principalmente na Escola Estadual Walter Ferreira, em Ribeirão Preto. A ideia, no entanto, é conseguir atingir mais escolas, ampliando o número de alunos que podem participar do projeto. “Além disso estamos pensando em realizar capacitação de professores a distância, como um subprojeto dentro do Jovem Imunologista”, conta a professora Beatriz Ferreira.
Na capital, outra iniciativa surgida na USP também busca a difusão de conhecimentos na área. O projeto Imunologia nas Escolas é sediado no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP.
Vídeos e imagens sobre o projeto Jovem Imunologista podem ser vistos na página eletrônica www.facebook.com/Jovemimunologista.